Quando eu era pequena aprendi com a minha mãe muitas coisas importantes para uma menina: como andar de salto e fazer maquiagens, aprendi a não mostrar aos rapazes que você os ama e que eles não prestam. Era bom ter minha mãe do meu lado, só para mim.
Quando eu era pequena o meu pai me ensinou coisas importantes para a minha vida: fazer contas de subtração e me encinou o que eram aves, ele me mostrou como era bom dar um mergulho na piscina e em como eu era a menina mais linda do mundo (ou pelo menos do mudo dele). Era tão bom ter o meu pai do meu lado, só para mim.
Quando eu era pequena eu vi que meus pais não andavam de mãos dadas como os de minhas amigas, eu via que meu pai não olhava com o olhar apaixonado para minha mãe, e que ela não selava seus lábios nos dele como se aquilo fosse normal. Ele não dormia na mesma cama que a minha mãe e eu não sentia o calor de ambos na cama quando eu tinha pesadelos. Meu pai me deixava na porta de casa e me dava um beijo estalado, entrava em seu carro e ia embora, enquanto eu tinha minha mãe só para mim. Eles não estavam mais apaixonados.
Minha mãe me deixava com uma babá e ia trabalhar, ela voltava e me dava banho como se fosse sua pequena boneca, ela só precisava de mim para ser feliz. Meu pai me levava em seu carro com os vidros abertos para um passeio no zoológico e me levava em seus ombros para onde ele pudesse, ele só precisava de mim para ser feliz.
Quando eu era pequena meu pai e minha mãe me ensinaram a mesma coisa: nunca dependa de ninguém para nada, evite sofrimentos e aprenda a seguir em frente de cabeça erguida. Eu cresci seguindo o que eles tinham me dito, até que eu encontrei seus olhos, e aprendi a depender de sua presença para viver; aprendi a chorar com um vazio em meu peito que eu chamava de saudade; e aprendi ainda que seguir em frente só se for com você.
Um comentário:
me pegou num dia sentimental.
sou eu no texto. tem que ser.
mamãe aqui em casa. papai, um final de semana por mes. segunda de manha com um beijo de despedida na bochecha. ele indo pro aeroporto.
aí a gente cresce e começa a depender d'outro ele que não é pai. ELE. sempre ELE.
e eu boba aqui, por causa dele, com os olhos aguados.
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