quarta-feira, 3 de março de 2010

Estações



Já havia passado a tarde toda observando, a noite começava a cair e lá estava a Pequena Solitária. Como todos eles a chamavam. As pessoas que ocupavam o parque, digo. Sempre ali sentada, parecia analisar os movimentos de todos que passavam por perto, ela os estudava, e guardava suas analises na mente há algumas semanas. Sentada na frente do expansivo lago que ela observava durante minutos, longos minutos, difíceis minutos.
Seus olhos pareciam refletir a água de lá, e Pequena Solitáira chorava ali, silenciosamente enquanto as pessoas passavam por ela sem notar o quanto ela parecia estar sofrendo. E eu observava o seu longo cabelo preto de contraste com aquela neve branca que começava a cair no parque, mas ela ainda continuava ali. As pessoas iam e vinham, e a Pequena Solitária ainda ali.
O que há de errado com ela?, eu ficava me perguntando. E sempre me encontrava encarando o frio, o vento só para ver a Solitária em sua espera pelo incompreensível. No dia mais frio em que havia encarado para encontra-la, eu a via indo pelo caminho para onde poderia ser sua casa, ou para onde ela provavelmente acharia o que tanto procura, não posso dizer com certeza, só posso afirmar que ela não apareceu no dia seguinte, e nem no outro, e nem na semana seguinte, e muito menos no mês seguinte. Eu sempre ia ali para vê-la, e ela nunca estava lá. E quando me dei por mim, estava passando pelo parque novamente, tão mudada, tão crescida! O parque parecia outro sem toda aquela neve, era primavera. O cheiro de flores inundava o lugar, e quando me vi, estava sentado no banco da Pequena Solitária.
Então entendi. O que ela fazia lá, o que ela esperava, o que ela procurava, e então eu percebi o que eu procurava. Aqueles meses todos me questionando sobre seu destino, sobre se ela finalmente haveria encontrado a quem ela tanto procurou, e ali estava eu, procurando por respostas. Era tão incomum ter tantas perguntas zanzando em minha cabeça. Perguntas eram interrompidas por mais outras que queriam atenção, e respostas pareciam querer saltar de minha língua a cada urgente negrito que aparecia em meus questionamentos. Resolvi ir embora.
No dia seguinte, automaticamente me vi passando em frente ao seu banco e ao lago. As tantas lágrimas que a Pequena chorou, todas reunidas ali, uma a uma, sofrimento por sofrimento, dia a dia. Refletidos como num espelho, se expondo, disputando para serem apreciados. E mais uma vez eu pareci ve-la refletida em suas aflições.
Um pequeno papel estava preso entre minha surradas butinas e o gramado verde primaveril, se retorcendo sempre que o vento soprava, implorando por liberdade. Eu ergui o pé e o seguirei entre o dedo polegar e indicador. Havia uma singela mensagem. "Cara observadora, veja além do que os olhos podem ver. Veja com o coração" Não me interessei pelo remetente, ou endereçado.
A cena se repetiu por mais duas vezes e ambas com a mesma mensagem. E logo estava eu lendo a todos os pequenos papeis jogados, esperando que houvessem mais bilhetes. Entre o jornal e a carta de meu namorado, ali estava, mais um pedaço de papel rasgado: "Talvez se sinta sozinha, procure o poço de minhas lamentações, ele lhe acolherá como me acolheu".
Não demorou muito, e ali estava eu, como a Pequena Solitária, observando os outros, na incessante busca do futuro, chorando por reflexos, sofrendo por tabelas, esperando que fizesse sentido.E em uma tarde de outono, havia uma pequena errônea estragando a perfeita paisagem laranja. Como as folhas, mas um conselho pousou em meu colo: "Não espere pessoas, não espere o material, procure a intenção, corrija o erro".
Já havia passado a tarde toda observando, a noite começava a cair e lá estava eu. Estava preste a ir mais uma vez para casa na busca da voz que eu procurava escutar, que me faria desistir de chorar por esperar. O lago estava ainda mais brilhante do que antes, mas do que quando a Pequena Solitária o observava. Ele não estava me refletindo. Parecia sorrir. Alguém se sentou ao meu lado, e sem olhar para mim, questionou-me:
- O que você tanto espera? Observo-te a alguns minutos, e não entendi ainda o que observa!
- Razão. - respondeu a voz que eu procurava ouvir por tantos instantes.

Ganhei um selo da Bells, tão lindinha. Obrigada amorzinho, alias, dêem uma olhada no blog dela gente: www.rastros-singulares.blogspot. Mar. Ota. (piadas internas).
Eu sei, parece muito confuso. Eu tentei afinal. Leiam escutando "I Think I'm Ready - Katty Pery" achei tão a cara desse texto esse ritmo, e espero que se apaixonem pela música e pelo texto, claro. As coisas estão parecendo se clarear, mas ainda não estão ilegiveis. Se é que me entendem... O título, não direcionem somente para as estações do ano ok? Tentem levar o texto para o lado mais profundo, ou tentem como eu! Queria agradescer por todos os comentários no outro texto, é tão importante e especial quando vocês comentam, que me sinto inpirada para escrever toda semana, haha. Obrigada!

12 comentários:

Day D. disse...

Ah, tão profundo, tão filosófico *-* Adoreeei, Gi :)) Tu escreve muito bem, guria!
Beijo beijo õ/.

Deborah disse...

Muito perfeito esse texto. *O*
Postei uma parte dele no meu Twitter, com seus créditos, claro.
Beijos *-*

Nicole Freixo disse...

que lindo *-*
sabe que eu adoro esses seus textos né? mas nesse você se superou :)
tá incrivelmente lindo e profundo e fofo.
amei, amei, amei ♥

bells disse...

Ela é linda, e indicou meu blog *-* aaaah valeu amr, você bem sabe que tá perfeito sua diva, ainda mais que eu sou especial porque ela leu para mim, imaginem um texto perfeito sendo lido totalmente com emoção!

Natália Mota disse...

aai gio, tão tudo! quem entende não tem nem o que falr. perfeito gata :) gios diva

Karina Azevedo disse...

Awn, eu adorei o texto. *-* Me fez pensar... De verdade, gostei muito.
Beijos!

Jéssica Trabuco disse...

Por vezes somos surpreendidos por nós mesmos à procura de razão pra continuar... gostei do texto e do blog ;)

The Jackson disse...

Oii, primeira vez q venho aquii neah hehe' adorei sua postagem, escreve mto bem ;) beijackson amr ;*

Flavia C. disse...

"Não espere pessoas, não espere o material, procure a intenção, corrija o erro".

Refleti uns cinco minutos, juro.

Muito lindo Gi, se superou *-*
Você é muito delicada na hora de escrever!

Ah, e muito obrigada por ter me colocado na sua lista de blogs! *-*

Um beijo grande, linda!

Tiêgo R. Alencar disse...

Nossa, Gio, vou te contar: de todos os seus textos tocantes e marcantes, este foi o maior. Adorei! Me emocionou!

Beijos :*

Anônimo disse...

Oh god, eu fico tão emocionada ao ler seus textos. São tão perfeitos *-*
Me desculpa a demora, mas estava tão enrolada x;
beijos :*

Carolina disse...

Fiquei meio confusa com o texto inicialmente, ele me fez refletir bastante. Gostei do jogo de palavras e o tom filosófico. Adoro!
Um beijo