quarta-feira, 7 de abril de 2010

Desconhecidos

A próxima a entrar era uma menina, seguida de um menino loiro dos olhos pequenos e assim foi durante a tarde toda. Todos os meninos e meninas entravam e faziam a prova com suas dificuldades e suas dúvidas, me arrisquei algumas vezes a entender a personalidade dos participantes daquelas provas que eu estava aplicando. A última participante havia dito que estava atrasada e que ia demorar, esperei lendo minha revista preferida. Será ela iria demorar muito? Se sim, iria embora e ela que voltasse outro dia, outra hora, ou nem voltasse.
- Desculpe o atraso, a chuva me pegou no meio do caminho e tive que comprar um guarda-chuva, bom, esquece. Podemos começar? - ela entrou na sala sacudindo o guarda-chuva e arrumando o cabelo preto presa em um rabo-de-cavalo bem feito. Deslizei meu pé para debaixo da mesa e comecei a fazer as perguntas padrões:
- A prova pode ser feita em forma oral ou escrita.
- Escrita por favor, - ela já estava com um estojo pequeno sobre a mesa enquanto acrescentava - eu me expresso melhor pela escrita. - Um sorriso rápido brincou em seu rosto, mas rapidamente a concentração atingiu seus olhos e suas feições ficaram sérias. Eu a entreguei em sem palavras e ela fez sem perguntas.
A menina tinha uma mão pequena e feminina, segurava o lápis com firmeza e determinação, havia uma insistente mexa de seu cabelo que caia sobre seus olhos e sempre o colocava para trás com um suspiro. Ela parecia tão frágil, a menina... Como era seu nome? Clarissa constava na fixa, e fiquei procurando se ela tinha nome de Clarissa. A curva de seu rosto era em formato de C e com certeza ela tinha a força do R, mas era frágil quanto a um dos esse's e precisava se apoiar no outro, havia uma saudade no fundo dos olhos dela, como os dois separados a's e finalmente, a singularidade do I. Então, senti uma atração por ela, como era possível eu querer abraçá-la e beijá-la até aquela dor que parecia haver em como ela mexia os lábios cessar, até ela parecer mais feliz.
- Bom, muito obrigada por ter me esperado - ela disse já entregando a prova, tão rápido e tão mulher, me tirando de meu raciocínio. Não podia deixa-la de ir embora.
- Quer esperar a nota sair? Quem sabe a chuva não parou até lá.
Ela pareceu sorrir com os olhos, mas se manteve fria e se sentou apenas com um acenar de cabeça. Sentia seus olhos me perfurarem minhas costas enquanto corrigia suas costas, será que estava sentindo o que eu estava sentindo? Virei para ela que sorrio ao em vez de se sentir envergonhada.
- Parabéns. - lhe entreguei a folha com seu resultado e o orgulho inundou a sala. - Que tal eu lhe dar uma carona? Não se preocupe levo aonde você quiser.
- Claro, eu moro logo ali do lado, a umas 5 quadras. - O que aquela menina estava pensando? Eu podia fazer mal a ela, quase lhe dei uma bronca ali, ela parecia tão mais nova que eu, apesar de não ser, eu precisava protegê-la. Mas só de saber que iria ficar sozinha e saber onde ela morava, já era um alívio.

4 comentários:

carolina disse...

Adorei o texto. Você escreve muito bem! *-*

Maísa Guimarães disse...

aiin adooro suas historias
tao reais
ahsahshas

bells disse...

Não importa, se falam que amam suas historias porque eu amo muito mais, elas são as fontes da minha inspiração hihi (: bj bj :*

lovelaris disse...

que lindo *-* muito fofo... adorei gios :*